MUNDO CURIOSO: ROUPA DE CANNABIS, ENTENDA A NOVA MODA.

Contaminações de recursos naturais, consumo excessivo de água, excesso de processos altamente químicos, poluição do solo: estes são alguns malefícios ambientais causados pela produção do algodão, a matéria-prima mais utilizada no mercado da moda. Para além das consequências ao meio ambiente, o material é comumente cultivado em espaços insalubres e em ritmo acelerado, prejudicando os produtores que, muitas vezes, trabalham em condições análogas à escravidão. Porém, existe uma alternativa mais sustentável para substituir o material: a fibra de cânhamo, também conhecida como 'hemp'. E sabe de onde ela vem? Sim, da Cannabis.


De acordo com um relatório publicado pela Grand View Research, uma consultoria global, o mercado do cânhamo deve movimentar cerca de US$10,6 bilhões até 2025. Em 2019, o setor global faturou US$ 4,58 bilhões.


Facilmente cultivada em solos diversos, a fibra da Cannabis dispensa agrotóxicos e pode ser produzida de forma orgânica. Com uma estrutura natural que evita contaminações nas superfícies terrestres, ela é biodegradável, e pode ser aproveitada após três meses de plantio.


Para além dos benefícios ao meio ambiente, quando o assunto é qualidade, o material também é infinitamente superior ao algodão. É muito mais resistente, bloqueia os raios ultravioleta e possui poder isolante, o que significa que serve tanto para aquecer, quanto para tornar a peça mais fresca. Mas, se o cânhamo é uma possibilidade muito mais inteligente (e barata), por que o algodão continua sendo a escolha prioritária para as marcas? A resposta parece estar nos tabus em torno da sua origem, e nos consequentes entraves legais causados por eles.



De acordo com a Associação Nacional do Cânhamo Industrial (ANC), o cânhamo possui menos de 0,3% de Tetrahidrocannabinol (THC), elemento responsável pelos efeitos psicoativos, enquanto a flor da maconha apresenta cerca de 30% a mais da substância em sua composição.


Além das confusões em torno do material em si, há um imaginário social bem controverso. As peças de cânhamo são comumente associadas a uma atmosfera hippie, experimental, alternativa, e de baixa qualidade, mas não faltam marcas pelo mundo afora provando que este olhar passa longe da realidade. Um bom exemplo disso é a australiana Braintree Clothing, que exibe um design contemporâneo e cheio de referências sofisticadas. As consolidadas Adidas e Levi's também já usam o cânhamo em algumas produções.


A importação de produtos com cânhamo é legal em solo brasileiro desde 2015. A regulamentação veio através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas o cultivo ainda é proibido no país.

Ainda este ano, o Projeto de Lei (PL) 399/15, que legaliza o cânhamo industrial, e também o plantio de Cannabis para fins medicinais, deve ser votado na Câmara dos Deputados. Caso a regulamentação aconteça e a PL seja aprovada, a expectativa, de acordo com a consultoria especializada Kaya Mind, é movimentar mais de R$ 28 bilhões de reais em apenas quatro anos.



FONTE: GLAMOUR/ GLOBO.