Protesto de Caminhoneiros na BR 277 em Medianeira, Paraná, em 2015.

Caminhoneiros pretendem parar o país na terça-feira

Num movimento iniciado pelo Sindicato das Transportadoras do Mato Grosso do Sul se alastra essse fim de semana pelo Brasil e pretende paralisar o país na terça-feira, 1 de agosto. O furo é de minha amiga Joice Hasselmann. O motivo é óbvio: o aumento dos combustíveis.

Quero te lembrar algo: ninguém mexe com caminhoneiros. A história mostra isso em outros países.

Mas mostra de forma assimétrica.

Nos EUA, os caminhoneiros eram comandados por Jimmy Hoffa, ligado à máfia Hoffa comandava 2 milhões de caminhoneiros, sob Kennedy. Cada homem envolvido no complô para matar Kennedy em 1963 recebeu US$ 50.000,00, revelou o mafioso Sam Giancana.

O complô, no entanto, não se restringiu aos membros da Máfia, Jimmy Hoffa, Sam Giancana, Johnny Rosselli, articulados com Frank Fiorini Sturgis, que também trabalhara com a CIA na invasão da Baía dos Porcos e recrutara Marita Lorenz para envenenar Fidel Castro.

Bem: nos EUA, os caminhoneiros, de direita furiosa, viam em Kennedy um comunista redivido.

Mas no Chile foi o contrário.

No dia 27 de outubro de 1972 caminhoneiros chilenos pararam seus veículo. Não eram assalariados, mas sim proprietários de caminhões. Naquele mês de outubro Salvador Allende havia nacionalizado uma pequena firma transportadora do extremo sul do país, em Aysen.  A decisão da greve foi anunciada por Leon Vilarin, o líder da organização dos caminhoneiros.

O Chile daqueles tempos trazia uma agenda social progressista.

No início de 1972 o estado controlava as riquezas naturais e as indústrias básicas do país. O estado chileno controlava 30% do crédito, 85% das exportações e 45% das importações. O programa de saúde havia reduzido a mortalidade infantil, através de várias campanhas sanitárias e de nutrição, como a distribuição de ½ litro de leite diário a cada criança até 14 anos. Em 1971 o PIB havia crescido 8% contra uma média de 2.7% entre 1969 e 1970.

Os caminhoneiros, é sabido, não gostavam disso. Allende foi deposto.

Quando em fevereiro de 2015, sob Dilma, nossos caminhoneiros anunciaram uma greve, o PT passou a dizer que eram de direita.

Na época, um membro do PT escreveu:

 “A greve dos caminhoneiros foi orquestrada pelos EUA, da mesma forma que orquestraram a greve dos caminhoneiros que derrubou Allende.  Sabemos que León Villarín, líder dos caminhoneiros em greve, era um agente da CIA filiado ao Iadesil – Instituto Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre, com sede nos EUA. E ficou provado que a Cia financiou os caminhoneiros em greve. Mais de 100 sindicalistas foram enviados pela AIFL à Virginia para fazerem cursos e receber treinamento e regressando ao Chile se engajavam como profissionais nas organizações dos trabalhadores.

 

O Iadesil se dedica a formar dirigentes sindicais em toda a América Latina para se oporem “a ameaça de infiltração castrista”. Na época o Iadesil recebia recursos do Fundo Kaplan, intermediário financeiro da Cia, da Usaid e das grandes empresas transnacionais, entre elas a ITT, Grace, Rockefeller, Shell, Standard Oil, United Fruit y Kenneccott…”

No Brasil, a greve dos caminhoneiros não vai lutar para a direita nem para a esquerda: vai lutar pelo próprio bolso…