ÍNDIOS DE SÃO JOAQUIM DE BICAS RELATAM AMEAÇAS


Depois de serem obrigados a deixar a aldeia indígena Naô Xohã, em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, devido ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019, indígenas das etnias Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe vivem, agora, mais uma vez sob ameaça.

Cerca de 20 famílias, que agora, vivem em um terreno particular a alguns quilômetros dali, têm sido ameaçadas diariamente por posseiros e grileiros. O MPF (Ministério Público Federal) investiga o caso. O órgão, juntamente com a Defensoria Pública da União, cobram da Vale a contratação de equipes para garantir a segurança dos indígenas. Depois de sair da aldeia e ficar um tempo em uma comunidade de Belo Horizonte, as famílias fundaram a Aldeia Katurãma, em um local conhecido popularmente como Mata do Japonês, em comum acordo com a Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira, dona do terreno que, é uma área de reserva natural particular.

Integrantes da etnia foram à Polícia Federal, em Belo Horizonte, nesta terça-feira (10) para denunciar ameaças sofridas por posseiros e grileiros. Na última semana, dois cachorros foram envenenados na aldeia. Nesta segunda-feira (9), de acordo com a cacica Angohó Pataxó, até uma ameaça por telefone foi registrada.

— Hoje a gente recebeu uma ligação anônima, em que eles disseram que fariam um ataque de madrugada na aldeia, entre hoje e sábado. A situação está complicada. O Estado está sendo omisso e estamos perto de acontecer um massacre.

De acordo com o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Fernando de Almeida Martins, a situação de vulnerabilidade foi provocada pelo desastre na barragem de Brumadinho, que resultou na perda de território por parte dos indígenas.

O MPF apura outras denúncias feitas pelos indígenas. De acordo com eles, a Vale ainda não forneceu água potável, conforme prevê acordo assinado com a comunidade, e vivem sem acesso à energia elétrica, mantimentos básicos e condições dignas de moradia.