Entenda como será a retomada das aulas da rede estadual de MG em regime remoto

Suspensas desde o dia 18 de março devido à pandemia do coronavírus, as aulas da rede estadual de ensino de Minas Gerais serão retomadas a partir da próxima segunda-feira (18) em regime remoto. Os conteúdos serão transmitidos pelos professores pela Rede Minas, e os alunos terão acesso também a um aplicativo, em que será possível interagir com os próprios docentes, e a planos de estudos tutorados disponibilizados na internet. Quem não tiver acesso a esses meios, receberá o material impresso, segundo a Secretaria de Estado de Educação. Nesta quarta-feira (13), a titular da pasta, Julia Sant’Anna, deu mais detalhes, em entrevista coletiva, sobre o funcionamento do modelo.

“Nós temos mais de 1,7 milhão de alunos sem salas na rede estadual já há um tempo bastante expressivo. Há um risco de aumentar a evasão escolar devido ao rompimento do vínculo com a instituição de ensino, e é uma grande fragilidade nas famílias de maior vulnerabilidade. Isso torna muito claro por que a gente precisa iniciar as atividades escolares”, afirmou a secretária.

“Há um grande risco de que essa demora no restabelecimento das atividades escolares possa afetar a aprendizagem dos alunos e gerar um aprofundamento da desigualdade no nosso Estado, considerando que as escolas particulares já retomaram as atividades de maneira remota de forma muito expressiva”, completou Julia. Ela destacou também que a paralisação das atividades pode prejudicar a entrada dos estudantes nas universidades, considerando a aproximação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

As aulas na Rede Minas serão transmitidas de segunda a sexta-feira: das 7h30 às 11h15, será disponibilizado um material gravado pelos professores, focado cada dia em uma área de conhecimento diferente. Das 11h15 até as 12h30, haverá aulas ao vivo para que os alunos possam esclarecer dúvidas por meio de canais de comunicação, como telefone e WhatsApp.

O conteúdo das aulas terá relação com os materiais das apostilas dos planos de estudos tutorados, que serão elaboradas mensalmente por profissionais de educação da rede estadual em parceria com professores das redes municipais de ensino.

Tanto as teleaulas quanto os materiais estarão disponíveis online e no aplicativo da Secretaria, que também vai ser disponibilizado na próxima segunda-feira, inicialmente para o sistema Android. A partir de 25 de maio, o app vai ganhar um chat para facilitar a interação entre alunos e professores. A navegação no sistema será custeada pelo Estado, por meio de uma parceria com empresas de telefonia.

“Em relação à distribuição dos planos de ensino tutorados aos alunos que não tiverem condições de baixar, temos iniciativas das mais diversas, como apoio das redes municipais, contratação de serviços de entrega pelos diretores, que já estão com recurso para isso. Vamos verificar nominalmente cada aluno e trabalhar para garantir o recebimento”, disse a secretária. Segundo ela, há possibilidade de apoio de equipes de saúde da família nesse processo.

De acordo com Julia, todo o regime foi adaptado também para alunos com deficiência. As teleaulas terão tradução em Libras, e apostilas serão impressas em braile.

“A gente sabe que é um modelo que, em condições normais de saúde, não é o ideal, é um modelo de contingência, mas que traz as melhores experiencias já vividas historicamente no Brasil em situações em que há dificuldade de locomoção e também recentemente, nessa pandemia, que trouxe experiências de outros Estados, que nós incorporamos da melhor forma”, pontuou a secretária.

Segundo ela, as escolas seguem fechadas, e não há previsão de retorno das aulas presenciais na rede estadual. Isso vai depender da curva epidemiológica de casos de coronavírus em Minas Gerais.

“Tão logo tenhamos condições de restabelecer as atividades presenciais, vai ser muito importante que a gente garanta o retorno de todos os alunos que tiveram que ficar em casa. Já temos uma experiencia muito grande de busca ativa e estamos planeando um programa expressivo de reforço escolar”, explicou. “Vai ser necessária uma avaliação diagnóstica. Vamos fazer um plano de estudos praticamente pessoal para cada aluno para termos certeza de que o processo de ensino e aprendizagem se deu da melhor forma possível”, concluiu a secretária.